sábado, 27 de setembro de 2014



MEU VIVER É CRISTO!

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim. (Gl 2:20)

INTRODUÇÃO

Quantos de nós temos algum perfil em alguma rede social? É evidente que muitos, aqui, têm algum contato com essas ferramentas tecnológicas, que nos expõe para o mundo inteiro por meio da internet. Cada dia, torna-se mais comum a “presença” no mundo virtual. Segundo um portal de noticiais da internet, o Facebook chegou a 1 bilhão de usuários, em outubro de 2012, e mais: “o Facebook informou também que o Brasil está entre os cinco países que mais usam a rede social. Além dele, completam a lista: Índia, Indonésia, México e Estados Unidos.”[1] Por causa desse fenômeno, há muita gente que coloca tudo sobre sua vida em seus perfis.
Contudo, não são poucos os que utilizam as redes sociais de maneira irresponsável, até mesmo criando perfis falsos. São os famosos perfis fakes. A maioria é de pessoas que, por terem vergonha do que são na vida real, preferem viver uma mentira, no mundo virtual. Pois bem, na mensagem de hoje, que faz parte da série “Pescadores de homens”, do 13º sábado, somos convidados a conhecer um homem que não tinha vergonha de dizer o que era. Trata-se do apóstolo Paulo. Ele realmente experimentou uma vida em abundância e comprometida com Cristo. Se Paulo tivesse um perfil no Facebook, estaria escrito: “Meu viver é Cristo; pois já não vivo eu, mas é Cristo que vive em mim!”.
Afirmar “Meu viver é Cristo” significa experimentar uma vida de verdade, comprometida com Jesus e seu evangelho. Vejamos três lições, baseadas na vida de Paulo, que nos autorizavam a fazer essa afirmação.

1. MEU VIVER É CRISTO, QUANDO CONHEÇO O EVANGELHO

Antes de conhecer o evangelho, a vida de Paulo era de anti-evangelho. Assim como precisamos do oxigênio para viver, Saulo vivia para caçar os cristãos. Seu lema de vida era perseguir os crentes,[2] como At 9:1a nos relata: Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor (9:1a). Segundo Lucas, esse fariseu extremado apoiou a morte de morte do diácono Estevão, o primeiro mártir da igreja (At 8.1a).
Perceba que ele não tinha as intenções mais amorosas para com os cristãos, até seu encontro com Cristo. A partir da experiência no Caminho de Damasco, Saulo mudaria radicalmente. Tal mudança é narrada em At 9:3: E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. As trevas de seu coração deram lugar à luz do Senhor. Depois de cair em terra, ser repreendido pelo Senhor e ficar cego por uns dias, teve, finalmente, a convicção de que deveria seguir Jesus (vv.4-16).
Um servo de Deus, chamado Ananias, entrou na casa [onde estava Saulo], e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo (8:17). Através dele, Saulo recebeu o restabelecimento da visão e o batismo (vv.18-22).  A partir desse encontro pessoal com Cristo, ele procurou conhecê-lo melhor. Primeiramente, experimentou a salvação para, depois, levar a salvação. Ele conheceu com seus próprios olhos aquele que já o conhecia. Depois daquele encontro, dedicou-se a conhecer profundamente Jesus e sua mensagem. Seu alvo era: ... conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte (Fp 3:10 – NVI). De fato, esse apóstolo foi aquele que melhor entendeu a mensagem de Jesus.
Quantos de nós já experimentamos a salvação que há em Cristo Jesus? Quantos de nós já conhecemos o Senhor, não apenas de ouvir falar, mas de andar com ele? Se deseja que, de fato, Cristo seja o seu viver, você precisa conhecer o seu evangelho um pouco mais. Você consegue explicar o plano da salvação? Sabe explicar o significado da morte de Jesus? Sabe o que é arrependimento, conversão, regeneração e justificação? O apóstolo Paulo sabia muito bem. Tenha em sua vida o mesmo alvo desse apóstolo e diga de coração: Quero conhecer Cristo! Quanto mais você sabe a respeito dele, mais parecido com ele você se torna. Quanto mais você conhece dele, mais perto dele você fica. O seu viver é Cristo, quando você conhece o seu evangelho com profundidade.
 Esta é a primeira lição que aprendemos com Paulo. Contudo não basta apenas conhecer, é preciso algo mais para poder afirmar que o “Meu viver é Cristo”. Vamos à segunda lição:

2. MEU VIVER É CRISTO, QUANDO PRATICO O EVANGELHO
           
Quando, de fato, somos encontrados por Cristo, passamos pela experiência da conversão e começamos a conhecê-lo mais de perto, vamos, naturalmente, vivenciar o evangelho. Foi o que ocorreu com Paulo, que adquiriu uma nova visão da vida e do mundo, a partir da experiência com o Senhor Jesus. Ele declarou isso, em Fp 3:8: ... na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo. Todo conhecimento que Paulo tinha perdeu o valor, quando visto a partir de Cristo. Segundo Martin,[3] “todos os privilégios cerimoniais, religiosos do passado, são desdenhosamente jogados de lado, como lixo”.
Agora, a razão de sua teologia e de sua vivência estava centralizada em Jesus. Diante desse encontro com o Senhor, Paulo se achava condicionado a ele, em todos os aspectos de sua vida. Por isso, declarava a respeito de sua nova vida: Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2:20). Comparando o versículo 19 com o 20, entendemos que a expressão “morri” equivale a “ser crucificado com Cristo”, do mesmo modo a expressão “vivo” está condicionada a Cristo, ele diz: Vivo, porque Cristo vive em mim! Em certo sentido, “o apóstolo não tem mais experiências independentes, identificando-se de tal forma com Cristo que só faz aquilo que Ele faz.”[4]
            Por isso, mais do que pregar a santificação, Paulo vivia este processo. Como disse: Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado (1 Co 9:27). Para ele, não bastava apenas pregar; era preciso viver a palavra, assim como, para nós, não basta postar, no Facebook, uma frase cristã; é preciso vivê-la, para termos um perfil de vida autêntico. Isso é um grande desafio para nós. Tanto é assim que Paulo compara a vida cristã com dois esportes: a “corrida” (1 Co 9:24) e a “luta” (v.25), para mostrar o grande desafio de viver sob o controle do Espírito (Gl 5:25).
            Por isso, mediante a ação do Espírito, vamos viver de acordo com o nosso arrependimento e a nossa conversão. Vamos viver como novas criaturas, como justificados em Cristo Jesus, como filhos de Deus, como “santos no mundo”; vamos perseverar na graça que há em Cristo Jesus; vamos viver aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras (Tt 2:12-13).
Para dizer “Meu viver é Cristo!”, preciso não apenas conhecer, mas também praticar o evangelho. Mas existe, ainda, uma terceira lição:

3. MEU VIVER É CRISTO, QUANDO PROCLAMO O EVANGELHO
           
Sem dúvida, uma conversão verdadeira e a vivência da verdade levam, inevitavelmente, à proclamação do evangelho. Não há como entender a salvação de Cristo e a submissão ao seu senhorio, sem a proclamação das virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2:9b). O encontro de Paulo com Cristo foi tão impactante que o que ele mais queria era doar sua vida para compartilhar a graça que recebera. Há alguns detalhes que podemos observar na vida de Paulo. Primeiro: sua missão era urgente: E logo, nas sinagogas, pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus (At 9:20). A palavra “logo” (gr. eutheos), presente no texto, sugere a ideia de imediatamente, em seguida, sem demora.[5] Paulo foi um pregador que se apressava em proclamar a salvação.
            Segundo: sua mensagem tinha Jesus, Filho de Deus, como o conteúdo central. Ele proclamava o Jesus, Deus e Homem, das Escrituras (At 9:22, 27, 29). Terceiro: sua mensagem também era destinada a todos, tanto judeus como gentios. Atos 22:15 nos mostra isso: Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. O quarto e último detalhe: Paulo pregava em todos os lugares a palavra de Deus. Preste atenção em At 20:20 (NVI): Vocês sabem que não deixei de pregar-lhes nada que fosse proveitoso, mas ensinei-lhes tudo publicamente e de casa em casa.
            Vale ressaltar que Paulo só foi um pregador que cumpriu com êxito sua pregação porque era dependente do Espírito Santo e conhecedor das Escrituras. Essas características estão ressaltadas em suas cartas: Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito (1 Co 2:4 NVI). Somente com o poder do Espírito em nossos ensinos e em nossas pregações é que as pessoas se renderão ao senhorio de Jesus Cristo. Veja como Paulo desenvolveu seu ministério: entregou-se a Jesus, começou a viver o evangelho e, prontamente, proclamou o evangelho. À medida que ia crescendo na graça e ia expandindo seu campo missionário, levava o verdadeiro evangelho para todos.
            Conhecer e praticar, leva-nos a proclamar o evangelho. Jesus disse: ... a boca fala do que está cheio o coração (Mt 12:34). Sem demora proclamemos o evangelho. Vivamos para Cristo. Na nossa casa, na nossa vizinhança, na nossa escola, no nosso trabalho, nas horas de lazer, nas redes sociais. A todas as pessoas, de todas as classes sociais, de todos os estilos, de todas as faixas-etárias, vamos proclamar o evangelho do Cristo das Escrituras! Vamos buscar o poder do Espírito para que nossas palavras sejam totalmente influenciadas pela ação dele. Sigamos a recomendação do missionário Paulo: ... pregue insistentemente a Palavra de Deus em todos os momentos, sempre que tiver a oportunidade, a tempo e fora de tempo, quando for conveniente e quando não for (2 Tm 4:2 – NVI).

CONCLUSÃO

Não há vida verdadeira longe de Cristo, e foi por isso que o próprio Deus enviou seu Filho, por amor, para nos salvar (Jo 3:16). Foi esse amor que alcançou Paulo, que o tornou, pela graça, um cristão autêntico. Como pudemos refletir, se não fosse o amor resgatador e transformador do Senhor, Paulo jamais seria transformado de perseguidor do evangelho em um servo do evangelho. Seu conhecimento importante das Escrituras só ganhou sentido completo quando ele conheceu Cristo. Por isso, podia dizer “Meu viver é Cristo”, porque também procurava viver conforme esse conhecimento de Cristo. Então, vamos procurar seguir Jesus para que o nosso “perfil de vida” se pareça verdadeiramente com ele.  
Diante de tudo que aprendemos, louvemos a Deus por nos salvar do pecado, e, mediante a luz do evangelho, escolhamos, pela graça, a salvação em Cristo. Louvemos a Deus, porque ele nos separou para vivermos para ele. Busquemos, mediante o poder do Espírito Santo, viver de acordo com a sua palavra. Louvemos a Deus pela oportunidade de compartilhar o evangelho. Peçamos, neste momento, mais poder do Espírito Santo, para proclamarmos o Jesus da Bíblia, para que mais vidas sejam salvas, para a glória de Deus.

Departamento de Educação e Cultura da Igreja Adventista da Promessa
www.portaliap.com.br

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA de Estudo Palavras-chave hebraico e grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

Facebook chega a 1 bilhão de usuários com Brasil entre os 5 países mais conectados à rede.  Disponível em:< http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/10/04/facebook-chega-a-1-bilhao-de-usuarios-com-brasil-entre-os-5-paises-mais-conectados-a-rede.htm >Acesso em: 27/08/2014.

GUTHRIE, Donald. Gálatas: introdução e comentário. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1984.

Martin, Ralph P. Filipenses: introdução e comentário. Tradução: Oswaldo Ramos. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1985.

RIENECKER, Fritz. Chave linguística do Novo Testamento grego. Tradução:
Gordon Chown e Júlio Paulo T. Zabatiero. São Paulo: Vida Nova, 1995.


[1] Facebook chega a 1 bilhão de usuários com Brasil entre os 5 países mais conectados à rede. Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/10/04/facebook-chega-a-1-bilhao-de-usuarios-com-brasil-entre-os-5-paises-mais-conectados-a-rede.htm >. Acesso em: 27 de agosto de 2014.
[2] Rienecker (1995:206).
[3] Martin (1985:145).
[4] Guthrie (1984:112).
[5] Bíblia de estudo palavras-chave hebraico e grego (2216:2011).