ENTREGUE
A SUA VIDA NO ALTAR
Texto
base: Romanos 11:33-12:2
INTRODUÇÃO
Hoje, pela permissão de Deus, daremos
continuidade à série de
sermões deste mês, cujo tema é: Vinde,
Adoremos!. O sermão de
hoje focará o seguinte tema: Entregue
a sua vida no altar. Para isso,
usaremos como base o texto de Romanos
11:33-12:2. As
Escrituras conclamam o povo de Deus à adoração. De maneira
emocionante, o escritor do primeiro livro das Crônicas enfatiza esse dever: Tributai
ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus
átrios; adorai o SENHOR na beleza da sua santidade (1 Cr
16:29). Como se percebe, nesse texto, adoração
tem a ver com entrega. As palavras “tributai” e “trazei” indicam isso.
Os
sacrifícios de animais para expiação de pecados eram o ato mais comum de
entrega utilizado no Antigo Testamento. Oferecia-se como tributo a Deus um
animal sem defeito. No Novo Testamento, porém, a ênfase no ato de
prestar culto a Deus recai sobre a entrega não mais do animal, mas da vida do próprio
adorador. O texto base
deste sermão revela isso. É aos pés de
Deus que o verdadeiro adorador deve estar para lhe tributar a
sua vida em adoração. Jó adorou ao
Senhor, apesar das circunstâncias adversas (Jó
1:20). A sua entrega se constitui um exemplo
para os cristãos de hoje. Sem
reservas, glorifiquemos a Deus, entregando, sobre o seu altar, a nossa vida.
Porém, algumas considerações devem ser feitas a respeito dessa prática.
Analisemos a primeira delas:
1. ENTREGUE A SUA VIDA NO ALTAR,
LEVANDO EM CONTA A
GRANDEZA DE DEUS
Paulo faz questão de começar esse trecho de
sua carta prestando a Deus adoração. Assim escreve ele: Que Deus maravilhoso
nós temos! Como é profunda a riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! (Rm 11:33 – NBV). Aqui, temos
o motivo pelo qual todos devem adorar unicamente a Deus: a sua
grandeza. Não é a um deus morto que o verdadeiro crente presta
culto. Mas ao Deus Todo-Poderoso, cuja
grandeza pode ser percebida.
De que modo
podemos enxergar a grandeza de Deus? O apóstolo explica que a grandeza
de Deus é percebida por meio de sua sabedoria
inescrutável. Assim diz
ele: Como é profunda a riqueza da sabedoria e do
conhecimento de Deus! (Rm 11:33b). Deus é
infinitamente sábio. Ele conhece todas as coisas. Ninguém é capaz de
surpreendê-lo. Enganá-lo
está fora de cogitação. Sua
onisciência torna esse desafio algo impossível. A propósito,
sendo nós criaturas finitas e caídas, como poderíamos sequer imaginar que
seríamos capazes de penetrar a mente infinita de Deus? Ora, os
pensamentos dele são mais altos do que os nossos (Is 55:8).
A
grandeza de Deus é também percebida por meio de sua independência inquestionável. Veja o que
Paulo diz a respeito, em Rm 11:36a: Todas as
coisas vêm única e exclusivamente dele, por ele e para ele. Deus é autossuficiente;
não depende de ninguém. Ele não precisa de conselheiros, pois sabe de tudo
(v.34); não necessita de recompensa, pois é o dono de tudo (v.35). Deus é a
origem de todas as coisas. Tudo existe por meio dele. Não somos produtos de um
aborto do universo, mas da criação de Deus. Ele não é
uma criação da mente humana, mas o criador de tudo.
Em sua
independência, Deus
sustenta todas as coisas. Ele não criou o universo e o deixou por conta própria;
não criou o ser humano e o abandonou a sua própria sorte. Deus mantém todas as
coisas sob seus cuidados. Ele nos preserva com sua misericórdia (Lm 3:22), de
modo que tudo permanece em seu devido lugar, proporcionando-nos bem-estar e
garantindo a existência da raça humana no planeta. Por isso,
devemos entregar a nossa vida a Deus. Ele é maior que nós e completamente
independente. Também é mais sábio. A sua
grandeza torna-o merecedor de nossa inteira devoção. Portanto, a ele
seja a glória para todo o sempre. Amém (Rm 11:36b).
Entregue a
sua vida no altar, levando em conta a grandeza de Deus. Essa é a primeira
consideração a ser adotada na prática da adoração. Vejamos a segunda.
2. ENTREGUE A SUA VIDA NO ALTAR, LEVANDO
EM CONTA SUA NECESSIDADE DE DEUS
Uma vez tendo reconhecido e aceitado a
grandeza de Deus, o adorador também precisa reconhecer e aceitar a sua própria
dependência em relação a ele. Por isso, Paulo faz o seguinte apelo: Portanto, meus amados irmãos, eu apelo pelas
misericórdias de Deus (Rm 12:1). Em outras palavras, os cristãos,
destinatários da carta de Paulo, deveriam considerar o fato de que, para adorar
a Deus de verdade, careciam da ajuda divina. Não fosse a graça de Deus, por
intermédio de Cristo, jamais poderíamos andar em novidade de vida (Ef 2:8). Não
é por mérito próprio que podemos nos achegar diante do trono da graça, mas por
meio do sacrifício do inocente, o Filho de Deus.
A expressão “portanto”, de Romanos
12:1, liga esse texto ao anterior, que trata, de modo esplêndido, sobre a
grandeza de Deus. Se ele é totalmente autossustentável e independente, não podemos
afirmar o mesmo de nós, seres humanos. Duas razões sugerem que dependemos de
Deus. Em primeiro lugar, a nossa
dependência é atestada no fato de sermos criaturas de Deus. Assim observa o
apóstolo: Todas as coisas vêm única e
exclusivamente dele (Rm 11:36a). A criatura jamais poderá superar o seu
criador. Deus é o dono de tudo. Se possuímos algo, é porque somos seus
mordomos. Precisamos dos conselhos de Deus para viver. O mundo sem Deus seria
destituído de valor, de sentido e de propósito.
Em segundo lugar, a nossa dependência é atestada no fato de
sermos sustentados por Deus. Na continuação do versículo 36, Paulo afirma
que todas as coisas existem por ele e
para ele. É por causa dele que a terra dá frutos, a chuva rega o planeta e
o sol nos aquece; é por causa de Deus que todas as espécies da Terra têm o seu
próprio habitat natural. Somos limitados, e devemos reconhecer isso. Aliás,
isso é necessário para que entreguemos a nossa vida no altar. Não podemos nos
orgulhar de coisa alguma, pois orgulhar-nos equivale a comportar-nos como se fôssemos
o próprio Deus, como se fôssemos os donos do lugar, como se tudo dependesse de
nós. Quem age
dessa forma engana-se.
Deus nos sustenta não somente
provendo os meios para a nossa sobrevivência material. Ele também nos sustenta
espiritualmente. O ato de nos oferecermos a Deus como sacrifício vivo retrata
nossa gratidão diante das suas misericórdias, por meio
das quais ele nos deu o seu Filho para morrer em nosso favor, justificando-nos
graciosamente pela fé, tornando-nos seus filhos. No ato da
adoração a Deus, não podemos esquecer quem ele é e quem somos. Deus está acima
de nós. O trono é dele e o dever de adorá-lo é nosso. Ele é criador e nós,
criaturas. Ele é Senhor e nós, servos.
Entregue a
sua vida no altar, levando em conta a sua dependência de Deus. Essa é a segunda
consideração a ser adotada na prática da adoração. Analisemos, agora, a
terceira e última.
3. ENTREGUE A SUA VIDA NO ALTAR,
LEVANDO EM CONTA A EXIGÊNCIA DE DEUS
No sacrifício do
Antigo Testamento, o animal era entregue
e queimado integralmente sobre o altar. Do mesmo modo, nós devemos nos entregar totalmente para o Senhor. A
adoração a Deus exige entrega, não parcial, mas integral. Vejamos o texto de
Romanos 12:1: ... que vocês ofereçam seus
corpos a Deus. Que eles sejam um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. De acordo com
esse texto, a adoração integral envolve o
oferecimento do nosso corpo. O termo “apresentar”, utilizado em algumas
versões da Bíblia, significa, neste versículo, apresentar de uma vez por todas.
Paulo ordena uma entrega definitiva do corpo ao Senhor, como os noivos se
entregam um ao outro na cerimônia de casamento. Cada parte do nosso
corpo deve ser dedicada à adoração a Deus.
O culto agradável a
Deus vai além do que é puramente interior, abstrato e místico. Há quem afirme
que Deus só quer o coração do adorador. Será que é isso mesmo? Não, obviamente.
O nosso corpo é importante nesse processo. Aliás, ele é templo de Deus. Devemos
glorificar a Deus em nosso corpo, contemplando o que é santo, deleitando-nos em
ouvir o que é puro, utilizando as nossas mãos para praticar o que é reto,
usando nossos pés para caminhar por veredas de justiça. É nisso que consiste
o culto espiritual e racional: a entrega de nosso corpo ao Senhor.
A
adoração integral envolve, também, a transformação da nossa mente. Agora, veja o
versículo 2 de Romanos 12: Não se amoldem
ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que
sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade
de Deus. Na fôrma do mundo, há mudanças o tempo todo. O errado ontem é
certo hoje; o repudiado ontem é aplaudido hoje. Por isso, não podemos
amoldar-nos ao padrão estabelecido por esse sistema maligno, o mundo. Cristo, a
quem seguimos, é o modelo absoluto, por meio de quem devemos ser guiados.
Há
somente duas alternativas, sem meio termo: amoldar-se ao mundo ou experimentar
a vontade Deus. Esses dois sistemas de valores são incompatíveis e colidem um
com o outro. Eles
se divergem naquilo que é relacionado a sexo, honestidade, dinheiro,
comunidade, religião ou qualquer outra coisa.
De qual lado ficaremos? É impossível entregarmos integralmente a nossa vida a
Deus, estando conformados com o sistema maligno. Bem disse o apóstolo Tiago, em
sua carta: Aquele, pois, que quiser ser
amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4:4b). Com um corpo
santificado e uma mente transformada, entreguemos a nossa vida no altar!
CONCLUSÃO
Chegamos ao final deste
sermão, no qual fomos conclamados, pela palavra, a entregar a nossa vida no
altar, levando em conta, primeiramente, a grandeza de Deus, pois sua sabedoria
é inescrutável e sua independência, inquestionável. Depois, fomos instigados a
levar em conta a nossa dependência em relação a Deus, que é criador e
mantenedor de todas as coisas. Por fim, fomos encorajados a levar em conta a exigência
de Deus: a oferta do nosso corpo e da nossa mente a ele. Trata-se uma adoração
interior, mas que não se limita a isso. Ela é perceptível por meio das ações
produzidas pelos membros de nosso corpo.
O
nosso culto a Deus deve ser espiritual. Mas não pode limitar-se a rituais e
celebrações ministrados dentro das quatros paredes do templo, como a maioria de
nós está acostumada a presenciar. Esse culto deve estender-se ao nosso dia-a-dia.
Essa adoração deve manifestar-se no bom trato entre os cônjuges, nas boas
relações de pais e filhos no lar, no respeito entre patrões e empregados, na
solidariedade entre as pessoas, no relacionamento dentro do corpo de Cristo. Que
o Senhor nos ajude a adorá-lo além das quatro paredes do templo. Amém.
Referências
LOPES, Hernandes Dias. Romanos: O evangelho segundo Paulo. São
Paulo: Hagnos, 2010.
STOTT, John R. W. A mensagem de Romanos. Tradução de Silêda e Marcos D. S.
Steuernagel. São Paulo: ABU, 2000.