terça-feira, 19 de outubro de 2010

SÁBADO UM DIA SANTO

O QUE ERA LÍCITO E O QUE ERA ILÍCITO SE FAZER NO SÁBADO.


Introdução:

No presente estudo não temos a intenção de nos atermos a teologia do Sábado ou sua apologia e seus pormenores, a questão de se é ou não vigente a lei do Sábado não compete ao tema desse estudo, pois o objetivo desse estudo é buscarmos o Maximo de informações possíveis sobre o que era licito e o que era ilícito fazer no Sábado.

Neste estudo veremos o que era licito fazer no Sábado no Antigo Testamento, no Período Interbiblico e no Novo Testamento,apesar de se comentar sobre inúmeras leis do que não se podia fazer no sábado não encontramos nada a respeito a não ser referencia a tais leis, por isso nosso estudo se baseia na Bíblia Sagrada e poucas refere a tradição extra bíblica.

ANTIGO TESTAMENTO.

O que era licito.

O sábado é mencionado em todas as partes da lei e nos extratos conjecturados de fontes do Pentateuco (Ex 34:21; 23:12;31:12-17; 35:1-3; Lv 23:1-3). Nenhum outro mandamento é tão fortemente enfatizado como este, o que demonstra a grande importância que tinha na história de Israel, sendo que sua quebra acarretava a pena de morte (Ex 31:14; cf. 35:3; Nm 15:32-36). O rito da – circuncisão era cumprido no sábado, se este fosse o oitavo dia após o nascimento de um menino (Lev 12:3; cf. Jo 7:22).

No Sábado era permitido e ordenado festejar e se alegrar. Em Lv 23:1-3 o sábado é incluído nas – festas do Senhor. As festas eram comemoradas, dias separados a fim de que Israel passasse tempo meditando sobre diferentes aspectos da boa mão de Deus sobre a nação. A observância delas incluía “santas convocações”, atos públicos de culto. Tanto para o indivíduo como para a comunidade, o sábado, pois, devia ser um dia no lar. Assim era nos tempos pré-exílicos (Os 2:11; Am 8:5; Is 1:13). Naquele dia o escravo ficava livre Dt 5.12.

Era uma oportunidade apropriada para consultar um profeta (2Rs 4:23).

No Sábado, sacrifícios especiais deviam ser oferecidos (Nm 28:9), e, com eles, a renovação dos – Pães da Proposição (Lv 24:8 ). Parece que Salmos especiais eram determinados (cf. o título de Sl 92).

A insistência em deixar de lado o trabalho, mesmo nos períodos mais ativos da aradura e da sega (Ex 34:21), e a aplicação da pena da morte para sua quebra (Nm 15:31; Ex 31:14), demonstram a importância suprema ligada a este mandamento na vida de Israel.

Era permitido os serviços dos sacerdotes, era exigido que as ofertas diárias fossem dobradas Nm 28.9. o livramento de vida,Segundo o Talmude metade do dia devia ser passado comendo e bebendo e a outra nas instruções das coisas de Deus.

Era permitido e exigido deliciar-se na Lei de Deus Is 58.13.

Era permitido o trabalho de guardas para que o Sábado fosse guardado Ne 13.15-22.

O que era ilícito.

Era ilícito cozer no dia de sábado Ex 16.21-30, se quer acender fogo no sábado Ex 35.3, também era proibido apanhar lenha no sábado

Nenhum trabalho era permitido Ex 20.11, segundo Ex 23.12 “ Nenhum dos seus trabalhos”, ou seja os trabalhos dos homens em particular. Ex 34.21 enfatiza que nem na aradura nem na colheita períodos cruciais onde demandavam os maiores esforços para se obter um boa colheita.

Nem mesmo na construção do Tabernáculo era permitido trabalhar aos sábado, pois a ordem de guardar o sábado imediatamente antes Ex 35.2 e depois Ex 31.13 do relato da construção do Tabernáculo enfatiza a preocupação em transgredir o sábado.

Era proibido fazer o mal Is 56.2.

Era ilícito transportar cargas, negociar ( comprar, vender, trocar etc ) Ne 13.15-22

Materiais encontrados em Qumram mostram que os fazendeiros não podiam realizar no Sábado partos de animais.

O Sábado no Período Interstamentário.

Durante este período, o judaísmo começou paulatinamente a dividir-se em dois tipos. Na própria Palestina e na Mesopotâmia, surgiu uma atitude mais liberal. As duas seções insistiam na observância do sábado como instituição divina e, com a – circuncisão, como um dos sinais da – aliança. A adoração na sinagoga no sábado era um aspecto regular de ambos os tipos.

Nos círculos helenistas, emergiu uma atitude mais mística e espiritual em relação ao sábado. Filo insistia em que não visava a argia, a “ociosidade”, mas que devia ser dedicado ao estudo de coisas espirituais. Naquele dia,

o escravo ficou sendo livre. Com a tradução do Antigo Testamento para o Grego, embora a própria palavra fosse transliterada, anapausis (“descanso”) foi dado como seu significado.

O judaísmo palestino tendia a uma atitude mais literal e rígida. A fim de salvaguardar sua observância, uma “cerca” veio a ser estabelecida ao redor do mandamento. Começaram a cristalizar-se tradições acerca de como devia ser observado. Para protegê-lo de influências frouxas gentias, veio a existir um código estereotipado acerca daquilo que podia ou não podia ser feito no sábado. Jub. 2:17-33 é o registro mais antigo. Coisa bem semelhante ocorre no Documento de Damasco (CD). Até o livramento de um animal da morte era proibido no sábado (CD 10:14-11:18). As tradições, mais tarde incorporadas na Mishna, foram codificadas. O primeiro tratado da segunda divisão da Mishna é dedicado ao sábado.Em Shabbath 7:2 as classes principais de trabalho proibidas no sábado são citadas como sendo “quarenta menos uma”. Mesmo assim, em certas circunstâncias, a lei do sábado podia ser suspensa. Estas incluíam os serviços dos sacerdotes no templo, o salvamento de uma vida numa emergência, e a circuncisão ao oitavo dia.

Mesmo assim, a despeito destes regulamentos pesados, o sábado recebia as boas-vindas com alegria. Devia ser celebrado em casa como descanso e refrigério, e coletivamente no culto público (Shabbath 119 a).

No dia anterior, a Preparação, tudo devia ser preparado, e as lâmpadas acesas, pois o sábado começava ao pôr do sol. Hospedes seriam convidados (cf. Mc 14:3). Metade do dia devia ser passada comendo e bebendo, e metade na instrução nas coisas de Deus.


NOVO TESTAMENTO

1. Os Evangelhos.

A atitude palestina para com a observância do sábado é evidente nos Evangelhos. Os conflitos de Cristo com os judeus, mencionados em todos os quatro Evangelhos, estão centralizados na questão daquilo que era, ou não, permissível no sábado. Em cada caso, Jesus ou Seus discípulos são desafiados quanto a isto. Em todos os casos menos um, trata-se da cura em dia de sábado. A outra ocasião é quando os discípulos colhiam espigas de trigo enquanto passavam pelo campo.

Ao considerarmos as seis confrontações com os judeus a respeito da questão do sábado, que temos nos registros, as respostas de Jesus oferecerão alguns indícios de se realmente estava abolindo um dia de descanso, ou meramente questionando as restrições que os rabinos tinham imposto nas suas tradições.


a) Mc 2:23-26; Mt 12:1-8; Lc 6:1-5. Estas narrativas paralelas relatam o incidente em que os discípulos colhiam as espigas de trigo no dia do sábado. Segundo os – fariseus, tratava-se de uma quebra da lei. No relato de Mt, dá-se a razão de que os discípulos tinham fome. Não há menção disto em Marcos, embora a resposta pareça pressupô-lo. Jesus declara que, como no caso de – Davi e seus homens (ISm 21:1-6; cf. IISm 8:17; Dt 23:25), a necessidade humana sobrepuja a lei do sábado (cf. Ex 23:12; Dt 5:4). Não se questiona a própria lei, mas Jesus alega um fator predominante.


b) Mc3:1-6; Mt 12:9-14; Lc 6:6-11. Estas passagens descrevem a cura do homem com a mão ressequida. Nessa ocasião, antes de curá-lo, Jesus pergunta aos líderes judaicos se é lícito nos sábados “fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la?” Mais uma vez, não há qualquer desafio contra a lei propriamente dita; na realidade, as palavras empregadas supõem a relevância dela. O uso certo da lei, a salvação do homem e o torná-lo completo, é o grande objetivo por detrás daquela lei e, portanto, é justificada a cura.

c) Lc 13:10-17. relata a história de uma mulher encurvada de enfermidade. Entrou na sinagoga e Jesus a restaurou. Este fato despertou a indignação do chefe da sinagoga. A resposta de Jesus inclui duas lições. Aquilo que fizera era um ato de misericórdia tal qual eles mesmos teriam permitido a um animal. Era, também, a destruição de uma obra de – Satanás. Não há nenhum indício de que estava sendo questionado o principio de um dia de descanso, mas, sim, meramente o uso certo daquele dia.


d) Lc 14:1-6. Neste caso, Jesus mais uma vez abre a discussão ao perguntar aos fariseus se é lícito curar no sábado, ou não. A isto, não ofereceram resposta alguma. Este é um incidente especialmente importante, visto que a pergunta era dirigida àqueles que eram peritos na lei (nomikous). Jesus passou a curar o homem e então explicou que curar os doentes é, na realidade, tanto um ato de misericórdia quanto tirar um animal de um poço. O fato de que os peritos não podiam oferecer qualquer resposta sugere que concordavam que Jesus não estava desafiando a lei do sábado.


e) Jô 5:1-9, 16, 17; 7:22. Aqui, o homem que tinha estado enfermo durante trinta e oito anos foi curado por Jesus no sábado, e recebeu a ordem de tomar seu leito e andar, possivelmente como parte da cura completa. Os judeus perseguiram a Jesus. Este respondeu: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Em outras palavras, está continuando, nas curas, a obra que o Pai sempre estivera fazendo. Os judeus então conspiravam para matá-Lo, porque violava o sábado e também Se fazia igual a – Deus. Alguns comentaristas entendem que estas expressões refletem o ponto de vista do autor, de que Jesus realmente estava anulando o sábado; mas parece melhor entender, depois daquilo que foi dito nas demais controvérsias, que se tratava do ponto de vista dos Seus acusadores. A confirmação disto acha-se nas palavras em Jo 7:22, onde Jesus explica que a lei da circuncisão sobrepuja a lei do sábado. Se Ele estivesse anulando a lei do sábado, dificilmente teria argumentado desta maneira, e, além disto, as palavras “até agora [heos arti]” sugerem que, durante todo o tempo em que o mandamento de sábado estava em vigor, Deus na realidade estava trabalhando. Em outras palavras, o mandamento do sábado não significa “não fazer nada” (argia), mas, sim, fazer a obra de Deus. Era isto, na realidade, que Cristo estava fazendo ao curar o enfermo.

f) Jô 9. No caso do – cego de nascença, Cristo não fala qualquer palavra para defender Sua ação, mas, na resposta à pergunta dos discípulos no v. 2, Cristo declara que a cura no sábado foi “para que se manifestem nele as obras de Deus.”


g) Além destes incidentes, há a referência em Lc 4:16 à freqüência de Jesus na sinagoga “segundo o seu costume”. O significado natural desta expressão é que Jesus seguia os hábitos normais da adoração judaica no dia do sábado. Este certamente tinha sido o padrão da Sua juventude (Lc 2:22, 41). Talvez seja relevante que, no Seu julgamento diante do Sinédrio (Mt 26:57-68 par. Mc 14:53-65; Lc 22: 54-71; Jô 18:13-24), embora seja incluída a acusação de querer destruir o templo, não se menciona qualquer anulação da lei do sábado.


h) Em Mt 24:20, os seguidores de Cristo são ordenados a orar para que, na destruição futura de Jerusalém, sua fuga não se dê no inverno, nem no sábado. Pois seria impossível obter ajuda ou comprar aquilo que era necessário numa emergência num sábado nas vizinhanças de Jesrusalém.

Podemos concluir, portanto, que embora Jesus rompesse as tradições rabínicas acerca do sábado, não havia qualquer anulação da observância do dia.

i) Voltando-nos agora a Mc 2:27, há uma declaração positiva de Cristo acerca do sábado. Aqui, diz-se que sua instituição foi para o bem dos homens, e parece que há pelo menos uma referência ao relato em Gn 2:1,2. ficaria subentendido, portanto, que a ordenança não era meramente para Israel, mas sim, que tinha uma implicação pré-israelita, humanitarista, de alcance mundial. Segue-se, então, a declaração, mencionada nos dois outros evangelhos, de que Jesus era “Senhor do sábado”. Em outras palavras, tem a autoridade de decidir acerca da sua observância. Longe de sugerir que, embora seja um benefício para o homem, deveria ser anulado, sugeria que o modo da sua observância estava sob o controle do próprio Cristo.


2. Atos dos Apóstolos.

Voltando-nos para Atos dos Apóstolos, descobrimos que, nos decretos do Concílio de Jerusalém no Cap. 15, o sábado não é mencionado. Ficaria subentendido que não era ponto de discórdia entre os cristãos judeus e gentios. Paulo, nas suas viagens missionárias, aproveitava de bom grado a oportunidade para pregar conforme surgiam as ocasiões nas sinagogas no sábado, e este era seu costume (At 13:5, 14, 44; 14:1;16:13; 17:2, 17; 18:4; 19:8).

Porque Jesus curou nos sábados e permitiu que os discípulos colhessem espigas?

Os fariseus tinham fanatizado a guarda do Sábado. Nas leis deles, era proibido caminhar mais que um quilômetro aos sábados; se uma pessoa deixasse cair um lenço, não poderia juntá-lo por que era Sábado; tinha-se aproximadamente trezentas regras em relação ao dia de guarda.

Notemos que o Senhor disse “é lícito fazer o bem”, e não trabalhar, pois desviaria nossa atenção de Deus. Deus nos deu seis dias da semana para fazermos o que quisermos; Ele exige apenas um dos dias integrais da semana para dedicarmos em comunhão contínua com Ele.

Portanto, o simples ato de colher espigas no sábado não foi um pecado, pois eles não estavam fazendo uma “colheita” (o que as escrituras não aprovam – ver Êxodo 34:21), mas apenas colhendo para “comer”, assim como se faz ao comer uma “fruta”. Não é pecado apanhar uma fruta para comer no Sábado. Jesus com esta lição queria ensinar isto ao povo da época.

O farisaísmo dos dias de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os rabinos o acumularam de exigências esdrúxulas que o tornaram um fardo quase insuportável. A atitude de Cristo para com o sábado foi a de escoima-lo (tirar as impurezas) desses acréscimos, devolvendo-o à prístina (primitiva) pureza. A atitude de Cristo para com Seu santo dia foi de reverência e não de desprezo.

CONCLUSÃO

O sábado (hebraico Shabbath) foi criado por Deus para que pudéssemos desfrutar um dia inteiro de comunhão com o Ele e nossa família; Deus viu que iríamos precisar santificar um dia, pois durante a semana não temos tempo integral (só poucas horas) para adorar a Deus e estar com a família. O sábado é meio divino de nos colocar em maior comunhão com Deus e com a família e um remédio contra o estresse, devido á possibilidade de descanso total das obras rotineiras.

BIBLIOGRAFIA

O Novo Dicionário da Bíblia, Edição em 1 volume.

Ed. Vida Nova, João Bentes

Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Ed. Vida Nova

Lothar Coenen – Editor geral da Edição em Alemão

Colin Brown – Editora geral

Busca.uol.com.br

http:/www.advir.com.br/sermões/sermão.c.textosdificeis_Lei_ htm

email:escolabiblica@sisac.org.br

textos dificeis sobre a lei e o sábado.