segunda-feira, 28 de junho de 2010

BENÇÃO E MALDIÇÃO - DEUTERONÔMIO


INTRODUÇÃO: Chegamos ao fim de uma série de lições enriquecedoras, lições estas que estão situadas no coração do Pentateuco o livro do Deuteronômio.

Como vimos as lições se trataram dos Dez Mandamentos, vimos o quanto revelador se mostrou o estudo dos Mandamentos de Javé, quão profundo são os preceitos do Senhor e podemos entender o porque Cristo não a aboliu mais a tornou efetiva e passou a expor a Lei que detalhes profundos. Porém a ultima lição dessa série baseada no capitulo 27 e 28 do livro de Deuteronômio nos trás uma lição surpreendente a de tomar uma decisão a respeito de todos os Mandamentos anteriormente estudados. A decisão de escolher entre obedecer ou desobedecer, a grande responsabilidade que nos sobrevém a partir do momento que passamos a conhecer é inevitável, e é a partir dessa escolha que traçamos o rumo da recompensa divina.

Contexto histórico

O povo de Israel estava na fronteira da terra de Canaã Nm 33.48-49, preparando para invadi-la. A Transjordânia já tinha sido conquistada ( Nm 32.29; Dt 3.12 ). Bastava-lhes atravessar o Jordão para se encontrarem no lado ocidental da terra prometida.

A essa altura, Moisés já havia terminado de apresentar a Lei do Senhor a nova geração de Israel.A nova geração de Israel não havia participado da primeira Aliança no Sinai, agora imediatamente antes da entrada na terra prometida Moisés trás ao Conhecimento do povo a Lei do Senhor de forma clara e completa e propõe uma renovação da Aliança antes feita no Sinai. Diante dessa lei, nenhum crente podia ficar neutro. Era preciso optar entre viver por ela ou ignora-la Dt (30.15-16). Moisés demonstra a inevitabilidade de toda paga ou conseqüência. Toda escolha que se faz corresponde a uma reação divina proporcional.

Se a opção for pela obediência, a conseqüência será bênção: mas se for pela desobediência, a conseqüência será maldição. O relato da renovação da aliança se encontra no cap. 29 de Deuteronômio.

Uma vez que assim o fizessem, ao entrarem em Canaã, deveriam levantar um altar com grandes pedras caiadas, e escrever sobre elas a lei, provavelmente os Dez mandamentos. Isso serviria de compromisso de que, quando entrassem na terra que lhes fora dada por herança, através de Abraão e do Pacto Abraâmico Gn 15.18, não trocariam Javé pelos deuses cananitas.

O altar memorial seria posto em algum lugar central no Monte Ebal,para que o povo não esquecesse da aliança e para celebrar a conquista. O altar seria de pedra tosca sobre o qual nenhum instrumento de ferro tivesse sido manejado como o feito no Sinai. As palavras da lei deveriam ser escrita mui distintamente que deriva da raiz b-’-r, “cavar” ou “lavrar” e é usado em Hc 2.2. metaforicamente significa gravar nas mentes do povo. O cumprimento desse preceito foi estabelecido sobre o Monte Ebal logo em seguida a conquista de Ai Jos 8.32-35.

Logo após as instruções de levantar um altar memorial e da renovação da aliança “ Moisés falou, juntamente com os Sacerdotes Levitas, a todo o Israel, dizendo: guarda silencio e ouve ó Israel! Neste dia viesse a ser povo do Senhor teu Deus” Dt.27.9. aquele era um tempo para a nova geração de Israel aprender sobre a lei e sobre a responsabilidade de ser a nação detentora dos oráculos do senhor.

Novas instruções sobre uma cerimônia litúrgica é dada ( Dt.27.11-26; 28.1-68 ). A cerimônia teve lugar em Siquém foi um evento comunal de grande importância. Seis das tribos deveriam postar-se sobre o Monte Gerizim para ‘abençoarem o povo’,essas seis tribos era descendentes das esposas de Jacó, Lia e Raquel, especificamente Simeão, Levi, Judá , Issacar, José e Benjamim. Monte Gerizim ficava ao sul do Monte Ebal entre as quais passava a entrada que atravessava Canaã. Quando alguém ficava de costas para o Mar Mediterrânea o monte Gerizim ficava a sua direita e o Monte Ebal a sua esquerda. Ambos os montes ficavam próximos de Siquém a primeira cidade Cananéia onde Abraão havia entrado, um lugar onde Deus fez as primeiras promessas de uma nova terra e onde Abraão construiu seu primeiro altar ( Gn 12.7 ). Jacó havia comprado terras em Siquém ( Gn 33.19 ) e José seria enterrado lá ( Js 24.32 ). Em outras palavras, o que Deus iria fazer no futuro de Israel, conforme a previsão do cap. 27, era cumprir as promessas feitas os patriarcas.

As outras seis tribos, Ruben (o filho de Lia que perdera seu direito a primogenitura por ter cometido incesto, (Gn 49.4 ), Zebulom, filho mais novo de Lia, os quatros filhos das servas Bila e Zilpa, ou seja Dã, Naftali, Gade e Aser, deveria se colocar no Monte Ebal, a colina que fica ao norte, para amaldiçoar.

O Monte Gerizim era um lugar fértil e bem regado, pelo qual era o lugar apropriado para a leitura das bênçãos. Em contraste com, o Monte Ebal era estéril, coberto de rochas e de cactos pelo que era o ponto mais apropriado para as leituras das maldições. Os dois montes simbolizava a necessidade de ser feita uma escolha, e a lei informava os israelitas como faze-las.

Um grupo seleto de levita foram escolhidos para fazer o pronunciamento, das maldições ( 27.15-26 ) e das bênçãos ( 28.1-14 ).

As maldições, doze formula, cada uma delas introduzidas pela palavra maldito, e a resposta geral do povo “Amém” é a maneira comum de expressar acordo ou concordância. Ao afirmar Amém, os representantes de cada grupo concordavam com uma espécie de auto-amaldiçoamento, as doze leis eram, sem duvida, simbólicas de todas leis de Javé.

As bênçãos Dt 28.1-14. A lista apresenta bênçãos temporais, não aparece nenhum conceito de vida eterna que só começa a surgir nos Salmos e nos Profetas. As bênçãos decorrentes da obediência “ alcançariam o povo de Israel. No hebraico literalmente, temos vos “sobrevirão”.

A primeira e a segunda benção falam em prosperidade e bem-estar (28.3), a terceira refere-se a diversos tipos de frutos, indicando tanto a reprodução animal, quanto agrícola (28.4), a quarta benção garantia a abundancia de viveres (28.5), a quinta refere-se a atividades bem-sucedidas dentro e fora de casa (28.6) a sexta consiste em vitória sobre os inimigos (28.7).

Depois de ter proferido as bênçãos, Moisés ratifica os benefícios para aqueles que obedecessem 28.7-14 estes benefícios consistem em vitórias sobre os inimigos, êxito no trabalho e prosperidade entre outros.

As maldições Dt 28.15-68. Nesse trecho seis maldições são alistadas. As maldições são uma espécie de antítese das bênçãos, pois a idéia de não obedecer contrasta com a de obedecer, e vemos nisto que a maldição é a ausência da benção não algum poder místico que trás azar para o amaldiçoado, pois o substantivo maldição (qelãla) deriva da raiz q-l-l, que significa ser pequeno ( cf 27.16 ). Cada uma das seis maldições é o contrario de cada uma das seis bênçãos. A primeira maldição é o oposto da primeira benção (28.16), também neste versículo se encontra a segunda maldição. A terceira é a antítese da quarta(28.17) e a quarta também antítese da quarta (28.18), a quinta e sexta são antítese da quinta e sexta bênçãos (28.19).

Nos versículos 20-68 vemos os infortúnios que a falta da benção de Javé causa: o fracasso em tudo (28.20), a pestilência (28.21-22) a seca (28.23-24), a derrota militar (28.25-26), enfermidades e perseguição (28.27-29), incríveis aflições (28.30-35), exílio (28.36-37) frustração geral (28.38-44), maldições de juízo geral (28.45-48), cerco dos inimigos (28.49-55) e extermínio por meio do exílio e da fome (28.56-68).

A teologia deuteronômica, ou seja, aqueles que seguem ao Senhor podem esperar bênçãos na forma de filhos, saúde, prosperidade, vitória sobre o inimigo e condições climáticas ideais para suas plantações. Por outro lado a inexistência de tais vantagens ou o oposto, é o resultado da desobediência as normas da aliança.

Tal sistema, portanto, parece ser simples, claro e direto. Aqueles que seguem ao Senhor podem, justificadamente, esperar todo tipo de bênçãos materiais; os que repudiam o senhorio de Javé sobre suas vida podem esperar sofrimentos, revezes, esterilidade e assim por diante.Mas se atentarmos para outras passagens bíblicas como o Salmo 73 ( onde vemos a confusão de Asafe ao ver a prosperidade dos ímpios )o que então dizer dos ensinos de Jesus e Paulo no N.T.

1 Leia Nm 33.48-49 e responda onde se encontra o povo de Israel quando renovaram a aliança com Deus?

2 Leia Dt 30.15-16 e o segundo parágrafo e responda: depois de Moisés apresentar a lei ao povo qual era a inevitável escolha que o povo deveria fazer?

3 Leia Dt 27.1-8 e o comentário e responda: que evento ocorreria no Monte Ebal que serviria como memorial da aliança?

4 Leia Dt 27.12-13 e o comentário e responda: quais montes foram escolhidos para o pronunciamento das bênçãos e maldições?

Aplicação

5 A lei é espiritual.

Cremos que a teologia deuteronômica ensinado naquela ocasião tinha o objetivo de ensinar um povo recém liberto de uma escravidão e com pouca capacidade para entender as coisas espirituais que para cada ação para com Deus resultaria em recompensa, naquele caso material, que era o que estava mais próximo da realidade que eles poderiam entender.

Podemos observar que no desenrolar da historia de Israel que há uma evolução no pensamento Israelita que ocorre de maneira paulatina e podemos observar a partir do livro de Jó e dos Salmos que a teologia deuteronômica começa a tomar formas espirituais, pois vemos Jó um homem justo Jó 2.3 que sofre infortúnio.Os amigos de Jó refletem a teologia deuteronômica “Você sofre, Jó, por ter pecado deliberadamente”. Principalmente no Sl 73 que os ímpios prosperam e o justo Asafe sofria infortúnios, porem quando Asafe entra “nos santuários” entende que a melhor recompensa é espiritual é estar com Deus.

Nisto não vemos contradição na bíblia, mas sim o momento em que Deus concede aos homens a entender a lei como tendo caráter espiritual. E é assim que podemos entender os ensinamentos de Jesus “Em verdade vos digo que é difícil um rico entrar no Reino dos céus” (Mt 19.23,24). Em seguida alistaremos algumas citações que contem ensinamentos de Jesus contrario a teologia deuteronômica quanto seu aspecto material: Mt 5.3;4 10;45. o próprio Cristo é o exemplo mais claro de que o justo sofre aflições. Paulo cita Sl 44.22 “por amor a Ti somos mortos todo dia” Rm 8.36. entre vários outros ensinamentos de Paulo afim de não alongarmos citamos Rm 7.14 “sabemos que a lei é espiritual” sendo assim a recompensa também é espiritual.


5. Leia o comentário e comente com a classe o caráter espiritual da lei?

2 A lei da liberdade.

Um outro caráter da lei que podemos ver de forma intrínseca no relato de Dt 27-28 é a lei da liberdade, quando paramos para observar a divisão das doze tribos podemos perceber que as seis tribos descendentes das mulheres livres de Jacó, Raquel e Lia se colocaram no Monte Gerizim para abençoar. De modo intrínseco vemos que a lei nos trás a benção da liberdade, ora isso é de muito valor entendermos que a lei trás liberdade, pois no mundo em que vivemos hoje onde as pessoas estão propensa ao antinomismo, isto é aversão a lei, por acharem que a lei oprimi escraviza o homem. Pois se enxergamos que a lei nos liberta do pecado, no sentido de que por a lei ser moral e Cristo nos confere a graça de cumprir a lei então ao cumprirmos a lei estamos livres da punição decorrente da desobediência a lei, pois seremos julgados pela lei da liberdade Tg 2.12.

Em outras palavras somos livres ao obedecermos, mas o mundo de hoje quer fazer com que o povo de Deus perca essa visão e tenha a visão erronia da que ser livre é fazer o que quer, não ter limites, enfim desobedecer a Deus. Mas Deus vem nos alertar através da sua Palavra contra esse perigo.

6. Leia o comentário e responda: 

Ao vermos Moisés se preocupando em ensinar a nova geração de Israel a lei de Deus e levando-os a tomada da decisão, a optarem a viver sob o domínio de Javé, pois como dissemos no começo, a nova geração de Israel não havia feito aliança com o Senhor e sim os seus pais, mas o relacionamento que Deus deseja ter com seus filhos é pessoal e não por tabela, por isso a necessidade doa nova geração fazer um concerto com Deus.

O interessante é observarmos que aquela nova geração só foi chamada de povo de Deus quando o povo fez compromisso de obedecer à lei Dt 26.16. o que nos preocupa é vermos hoje o tanto de filho de crentes sem compromisso com Deus achando que só o mero fato de ser filho de crente os tornam povo de Deus, e o resultado disso é que as cadeias estão lotadas de filhos de crente, inúmeros filhos de crentes perdidos no mundo das drogas, enfim escravos do pecados pois não conhecem a Lei da liberdade, nisso também vejo a grande negligencia dos pais em não “ensinar a criança no caminho em que devem andar” Pv 22.6 e a falta de buscar ao senhor pela parte dos mais jovens Ec 12.1.

Aos pais estudantes: você deve levar os seus filhos a conhecerem a lei de Deus para que assim os leve a inevitável tomada de decisão “obedecer ou desobedecer” e escolher ter uma vida de liberdade ou escravidão.

Aos jovens estudantes: a responsabilidade é pessoal Ez18, não tente se esconder atrás de seus pais tome já sua decisão, pois sua salvação depende da sua decisão.


7 Leia Pv 22.6; Ec12.1 e o comentário e responda: qual o dever dos pais e o dos filhos em relação a transmissão da Lei?

Conclusão

Para sermos povo de Deus é necessário fazer aliança com Ele, obedecendo Sua Lei, e ao obedecermos seremos abençoados materialmente “Receba cem vezes mais desde agora” mas com “perseguição” Mc 10.30a e principalmente espiritual “e no mundo futuro a vida eterna” Mc 10.30b.

Na obediência a lei espiritual, teremos ainda as recompensa espirituais: bem-estar com Deus Rm 5.1; 8.6; frutos Gl 5.22; entre muitas outras.