terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O PRIMEIRO LIVRO DA BÍBLIA

GENESIS é o livro da Bíblia que trata das origens. Os capítulos 1 e 2 tratam da origem do universo e da vida. O capítulo 3 trata da origem do pecado. Os capítulos 4 e 11 mostram, em linhas gerais, o desenvolvimento da raça humana. A partir do capitulo 12, o foco é fechado sobre Abraão e sua descendência, povo que ficara conhecido, inicialmente, como os hebreus, depois como filhos de Israel e, mais tarde, povo de Israel. Depois do exílio babilônico, passa a ser identificado como judeus. Nos tempos modernos, o Estado é conhecido como Israel, e seu povo conserva a identificação como judeus.

O nome Genesis, dado a esse primeiro livro da Bíblia, identifica bem seu conteúdo e guarda estreita ligação, com o nome dado ao livro no texto hebraico: bereshith – no principio. Esta expressão é a primeira palavra do texto hebraico. O conteúdo do livro pode ser resumido em uma frase, como o faz Geisler: “a eleição da nação”. Genesis nos mostra como Deus formou o homem e como elegeu particularmente uma nação para, dela, edificar uma nação de adoradores.

Parker, pregador inglês da primeira metade do século passado, afirmava que, mais importante que o fato de a Bíblia tratar de temas como Deus, criação, mundo invisível, pecado e tantos outros, é o fato de como ela os trata. A Bíblia revela, não sugere; ela declara, não investiga; toda a surpresa fica por conta do leitor,não do autor. Távora comenta que, embora a narrativa de Genesis não possua linguagem cientifica, deixa transparecer algo que algumas teses cientificas defendem. Houve certo processo cientifico ou natural no modo de Deus criar. Uma leitura atenta deste texto de Genesis nos permite uma conclusão: para o autor, havia uma firme convicção a respeito de como o Universo veio a existir: Deus. Cerca de 40 vezes, em um total de 56 versículos, o nome de Deus é mencionado. Para o autor, a causa primeira da existência, da ordenação e da sustentação de todo o Universo é Deus. Acrescente-se a isso o fato de o autor insistir em que tudo o que Deus criou foi feito pela palavra. Cada uma das sessões declarando o ato criador foi marcada pelo autor com a expressão: E disse Deus... (vs.3,6,9,11,14,20,24,26).

Há poder na palavra (Sl 33,6; Hb 11.3; 1Pe 3.5). a Palavra guarda, a Palavra santifica (Sl 119.144; Mt 4.4; Sl 119.50; Jo 17.17).

A narrativa da primeira crise experimentada pela humanidade tem produzido um sem-número de páginas e opiniões as mais diversas. Ela aponta para um marco inicial do desandar do caminho do homem, momento quando este decide voltar as costas para a benção e iniciar sua jornada peregrina, pelos desertos, de uma vida de rebeldia e obstinação contra a vontade de seu Criador.

O desejo físico, a curiosidade intelectual e a reivindicação de direitos, quando desvinculada de uma vida de dependência do Espírito Santo, serão sempre portas abertas para o caos. Assim, o homem, criado para ser adorador, para o louvor da glória de Deus, passa a agir em dissonância com os propósitos do Pai, trata de esconder-se dos olhos do Onisciente e transtorna, ao mesmo tempo, sua harmonia com o próximo e com a criação.

A falência do homem e, então, decretada com a sentença “ ....tu és pó, e ao pó tornarás” (Gn3.19). a sentença, curta e objetiva, selava o futuro da humanidade (Rm 5.12), e a barreira colocada no caminho que conduz à vida era a instrumentação e cumprimento da pena (Gn 3.24). a pena imposta não seria, jamais, revogada. Desde então, incompleto em si mesmo, o homem tem desenvolvido diferentes formas e ritos com a intenção de aplacar a ira de Deus (e dos deuses entre os pagãos). O adorador, em rebeldia, pretende ser aceito em adoração segundo os critérios por ele próprio constituídos. Como para prová-lo, Deus concede, por meio de Moisés, a Lei, com a promessa de que cumprindo-a, o homem viverá (Lv 18.5). Mais tarde, o apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, concluirá: “...o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo...” (Jo 14.6; Gl 2.16; Rm 3.28).
Os nossos dicionários informam que a expressão dilema indica uma situação de impasse ante a necessidade de decidir entre duas possibilidades, ambas desagradáveis, todavia, nós a utilizamos aqui, por não encontrarmos outra que melhor descreva a circunstancia relatada no texto. Caim introduz a violencia na experiencia humana, e esta violencia nem todo o desenvolvimento humano a que chegamos tem podido vencer. A vida do homem, do lado de fora do paraiso, tem sido progressivo comprometimento com tudo o que desagrada a Deus.
O Criador, em sua soberania, desejou fazer "desaparecer da face da terra o homem..." (6.7) Blocher chama esse momento de " de-criação" e comenta que o pecado chegou a ser "tão intenso e tão pernicioso que não havia uma terapia moderada que pudesse curar". Mas Noé achou graça diante do Senhor, porque era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos (6.8,9). A palalvra graça (jen, no hebraico) indica algo que se manifesta por misericórdia, o que equivale dizer que Noé não foi socorrido por merecimento de sua justiça pessoal, senão que Deus teve misericórdia dele ao ver sua integridade em meio a podridão moral e espiritual de seu tempo.
O relato de um novo começo. Geneis 11 vem com o proposito de explicar a origem das diferentes famílias e sua distribuição pela face da terra.
Aponta, ainda, para o esforço do homem de tornar célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra, contrariando assim a vontade de Deus (11.4; 1.28) Comentando essa passagem, Parker diz que nós, também, fazemos exatamente como os homens daquele tempo, seguimos a deus Ambição, que nunca descansa, nunca dorme, nunca se detém, nunca tira férias, senão que está sempre agitando-nos com seus mais insaciáveis desejos. Deus frusta, então, o intento do coração dos homens, e os dispersa por toda a superficie da terra (11.9). O restante do capítulo se ocupa da genealogia de Abrão, personagem com o qual tem inicio uma nova etapa das narrativas bíblicas.
Há como que uma divisão natural do texto de Genesis neste ponto. Muda o foco e o ritmo da narrativa. Agora o autor, , sem pressa, conta detalhes. Desde a chamada de Abrão, sua peregrinação, os lugares de acampamento para descanso e adoração, as crises familiares, as batalhas, os momentos de crise espiritual, quando parecia dificil crer na promessa, nenhum dado parece escapar ao autor. Dessa forma, o autor nos conduz ao tempo quando, cumprindo sua promessa (15.13), Deus introduz a descendência de Abraão no Egito, deixando o caminho preparado para os grandes eventos do Exodo.

textos extraidos da revista o Compromisso - Nº 401 - José Selio de Andrade