sexta-feira, 16 de setembro de 2016

ACIDENTE NO PERCURSO!
(A queda do ser humano)

... no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2:17).

            Depois de criados, Adão e Eva viviam em plena harmonia no paraíso. Foram criados para glorificar a Deus, para dar alegria ao criador, e para serem seus representantes. Os seres humanos foram colocados como dominadores no jardim. Deus, o rei de toda a terra, compartilhou com eles seu domínio (Gn 1:26). Muitos anos depois destes acontecimentos, o salmista confirmou esta verdade dizendo, em relação a criação do homem: Tu lhe deste poder sobre tudo o que criaste; tu pusestes todas as coisas debaixo do domínio dele (Sl 8:6, NTLH). O problema é que o co-regente quis ser o próprio regente. Homem e mulher quiseram o lugar do Rei do universo, e caíram tragicamente.
            A história toda aconteceu da seguinte maneira. Depois de criar o homem, o Senhor lhe deu a seguinte ordem: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia que dela comeres, certamente morrerás (Gn 3:16-17). Aparentemente o que está por trás da ordem é Adão aceitar a determinação de Deus sobre o que é bom e o que é mal, ou procurar decidir por si mesmo esta questão, independente de Deus.
            No capítulo 3 de Gênesis temos o relato da queda dos seres humanos. Disfarçado por uma serpente, Satanás apareceu à mulher no Éden, e com sua astúcia conseguiu enganá-la. Ele começa contradizendo o que Deus disse, pois sua pergunta é: É assim que Deus disse: não comerás de toda árvore do jardim? (Gn 3:1, grifo nosso). Deus não disse isso! Aliás, ele disse exatamente o contrário. Ordenou que Adão comesse de todas, menos a que estava no meio do jardim. Eva responde argumentando exatamente o contrário.
            É aqui que a serpente usa de maneira perspicaz toda a sua astúcia, questionando a veracidade da ordem de Deus. A serpente diz: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que o dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal (Gn 3:5). A partir daí, Eva deu passos largos em direção a queda. Ela viu que árvore era boa, agradável aos olhos, desejável para dar entendimento, tomou, comeu e deu ao seu marido que estava com ela (Gn 3:6). A ordem de Deus foi desobedecida! Por quê? Por causa de uma promessa falsa: “sereis igual a Deus”. Satanás foi expulso do céu por tentar tomar o lugar de Deus, e é exatamente este desejo que ele colocou no coração dos primeiros seres humanos.
            Adão e Eva, ao comerem do fruto que Deus disse que não deveriam comer, declararam independência de Deus. Depois deste ato, várias consequências trágicas vieram a reboque. Em primeiro lugar, os olhos de ambos foram abertos e eles começaram a ter vergonha da sua nudez e foram se cobrir (Gn 3:7). Além disso, tiveram medo de Deus (Gn 3:8). Quando ouviram a voz do Senhor se esconderam. O pecado faz exatamente isso, nos afasta de Deus. Ele causa alienação horizontal (entre homem e mulher) e alienação vertical (entre o homem e Deus). Até então, eles se relacionavam normalmente com o criador. A partir de então, se escondem amedrontados. Anos mais tarde Isaías falaria sobre esta realidade: Os vossos pecados fazem separação entre vós e o vosso Deus (59:2).
            Depois disso, homem e mulher não assumem sua culpa (Gn 3:12-13). Preferem empurrar para outros, preferem esconder suas próprias sujeiras. E o que é pior: de alguma maneira, jogam a culpa para Deus. O homem disse, a “mulher que tu me deste”. A mulher disse: “A serpente me enganou”. Quem criou a serpente? Gn 3:1 diz: “Deus tinha feito”. A serpente também foi feita por Deus. Veja que ambos, homem e mulher, apontam criações de Deus como culpadas, mais não conseguem assumir as consequências dos seus erros. Deus  lhes deu livre arbítrio; se escolheram o caminho errado, a culpa não é dele! O pecado acaba nos fazendo mascarar a nossa visão de nós mesmos.
            Por causa do pecado, a serpente, animal, foi amaldiçoada (Gn 3:14). Alguém poderia questionar a validade do castigo da serpente, isto é, o animal. Se ela é um animal irracional, e foi usada por Satanás, que culpa tem? Se pensarmos por este ângulo, que não está equivocado, realmente teríamos um problema. Afinal, a serpente não podia ter impedido de Satanás se apropriar do seu corpo! Contudo, precisamos lembrar que ela é uma criatura de Deus. Satanás não a poderia ter usado sem a permissão do criador. E, de alguma maneira, a punição a serpente serve como modelo, é exemplar, é para nos mostrar que pecado é coisa séria. É para mostrar para Satanás a gravidade do que ele havia acabado de fazer. Até um animal que não tem nada a ver com a história está pagando. Resvalou na serpente, assim como resvalou na terra, que foi amaldiçoada por causa do pecado do ser humano: Maldita é a terra por tua causa (Gn 3:17). O pecado trouxe desordem, inclusive, para a criação de maneira geral.
            Deus avisou que a descendência da mulher seria inimiga da descendência da serpente (Gn 3:15). Satanás é inimigo da humanidade. Sempre foi, sempre será; até o dia em que for completamente destruído. À mulher Deus ainda disse que suas dores seriam multiplicadas (Gn 3:16). Ao homem, que comeria do suor do rosto (Gn 3:19). A vida não seria mais fácil de agora em diante. Se não bastasse tudo isso, o final do versículo 16, diz: “o teu desejo será para o teu marido e ele te dominará”. Desejo, neste texto, é desejo de dominar. A mulher desejaria, por causa dos desarranjos do pecado, dominar o homem. E, por conseguinte, o homem a dominaria. Dominar, neste texto, tem a ver com a dominação com força, como um monarca. A guerra entre os sexos começa como consequência do pecado.
            Homem e mulher são expulsos do jardim. Eles perderam a sua cidadania. Não viveriam mais para sempre. Entraram no tempo e história, e um dia deixariam de existir, isto é, iriam morrer. Depois deste evento, segundo Paulo, a morte passou para todos (Rm 5:12). Todos os seres humanos vão morrer. Todos já nascem pecadores e culpados, longe da glória de Deus (Rm 3:23). São, por natureza, filhos da ira (Ef 2:3). Não vivem mais para a glória de Deus, mas para si mesmos. Todas as intenções do seu coração são más (Gn 6:5). Todavia, a história de todos não terminará assim. Deus providenciou uma maneira para que as coisas voltassem a ser como eram antes. É o que veremos no próximo estudo.

PARA REFLETIR

01. Você conseguiria dizer com suas palavras como aconteceu a queda do ser humano? Gn 3:1-6.

02. Quais foram as consequências deste trágico evento? Leia Gn 3:7-24