quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O DEUS QUE VIVE EM NÓS!
(O capacitador da vida cristã)

Deixem-se encher pelo Espírito (Ef 5:18, NVI)

      É importante entendermos e aceitarmos um fato vital: Não há vida cristã sem a ação do Espírito Santo em nós! É o Espírito Santo quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo, habilitando-nos a receber a Cristo como Senhor (Jo 16:18). É o Espírito Santo quem produz em nós a regeneração (Tt 3:3), isto é, quem efetua o novo nascimento, e nos transforma em novas criaturas. É com o enchimento diário do Espírito, que temos condições de viver a vida cristã. É o Espírito Santo quem nos integra ao corpo de Cristo, e nos ajuda a viver em comunhão. Somente por estas questões, já se vê o quanto é importante o papel do mesmo. Neste estudo, vamos meditar sobre quem é, e sobre o que faz em nós o Espírito Santo.
      Quem é o Espírito Santo? O Espírito Santo é Deus pessoal, dinâmico, ativo, inteligente e amoroso, criador dos céus e da terra e Senhor Soberano sobre todo o universo. Ao contrário do que muitos pensam e ensinam, não é apenas uma energia espiritual que provém ou que emana de Deus. Não podemos confundi-lo com uma força misteriosa, ou coisa do tipo. Muitos o estão tratando assim; como se ele fosse apenas um poder, que fica, constantemente, à disposição dos crentes. Quando estes clamam, esse poder lhes obedece e aparece. Entendido dessa forma, o Espírito Santo é negado como um ser pessoal e divino. As Escrituras Sagradas não ensinam isso. Ao contrário, a Bíblia mostra que o Espírito Santo é tanto uma pessoa, quanto é Deus.
      No livro de Atos temos um texto claríssimo no que diz respeito a deidade do Espírito Santo. No versículo 3, na pergunta de Pedro a Ananias, ele afirma: ...mentisses ao Espírito Santo. E, no versículo 4, o apóstolo completa: ...não mentiste aos homens, mas a Deus. Portanto, fica claramente evidenciada, nestes versículos, a deidade do Espírito Santo. Parece que, “na mente de Pedro, ‘mentir para o Espírito Santo’ e ‘mentir a Deus’ eram expressões intercambiáveis”.[1]
      John Stott, comentando sobre este texto, também nota que Pedro afirma a deidade do Espírito Santo nesta ocasião.[2] Matthew Henry, neste mesmo sentido diz que podemos deduzir por este texto que o Espírito Santo é Deus, visto que, quem mente a ele mente também a Deus. “O poder e a autoridade do Espírito são o poder e a autoridade de Deus”.[3] Sendo assim, não há como concluirmos outra coisa, analisando este texto, senão, a plena divindade do Espírito Santo.
      O próprio senhor Jesus, ao se referir a vinda do Espírito Santo Jesus disse: E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro consolador, para que fique para sempre convosco (Jo 14:16 – grifo nosso). Esse é um dos textos chaves para entendermos a natureza do Espírito Santo e comprovar a sua deidade. Observe a palavra “outro”. Existem duas palavras gregas para “outro”. A primeira delas é heteros, que significa “diferente”, ou “outro diferente”. Do termo grego heteros, surgiram as conhecidas palavras “heterogêneo”, “heterossexual”, “heterodoxo” e etc.
      A segunda palavra grega para “outros” é allos. Esta palavra significa “outro da mesma espécie, do mesmo tipo, da mesma natureza”. Neste texto de João, Jesus diz que o Espírito Santo é “outro consolador”. O termo usado por João, ao escrever este texto, foi allon, ou seja, O Espírito Santo é igual a Jesus. Ele é outro consolador da mesma espécie, do mesmo tipo e da mesma natureza que Jesus. Ele é outro que é igual. Portanto, se Jesus é uma pessoa o Espírito Santo também é uma. Pela mesma razão, o Espírito também deve ser divino.[4] Em Mateus capítulo 28 Jesus coloca o Pai, o Filho e o Espírito em pé de igualdade: Ide, fazei discípulos em todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (v. 19 – grifo nosso). O Espírito Santo é Deus, assim como o Pai o é, e assim como Filho também o é!
      Além de Deus, o Espírito é um ser pessoal, ou seja, uma pessoa. Muitos têm dificuldade de acreditar nisso, porque o Espírito Santo não tem um corpo. Vale a pena dizer que características pessoais não têm nada haver com corporeidade (mãos, olhos, etc.). Tradicionalmente crê-se que os elementos fundamentais que formam uma pessoa são: inteligência, sensibilidade e vontade;[5] características estas, que uma força, com toda certeza, não tem. O Espírito Santo tem todas elas. Ele tem inteligência (Ne 9:20), sensibilidade (Ef 4:30; 1 Ts 1:6), e vontade (1 Co 12:11; At 16:7; 20:28).
      E, o que faz em nós o Espírito Santo? Em Romanos 5:5, Paulo diz que o Espírito Santo nos foi dado. Noutros lugares ele diz que somos habitação do Espírito: Ou não sabeis que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus? (1 Co 6:18). A palavra traduzida por “santuário” neste versículo faz referência ao “santo dos santos”, lugar mais íntimo do templo, onde se verificavam as manifestações da glória Divina. É em nós que o Espírito se manifesta! Por isso o imperativo de Efésios 5:18: Deixem-se encher do Espírito. Na Bíblia ser cheio de alguém ou de algo é ser dominado por alguém ou por algo. Por exemplo, em Lc 4:28 lemos: Se encheram de ira, isto é, foram dominados pela ira. De igual modo em Atos 13:45, está escrito: Se encheram de inveja, ou seja, foram dominados pela inveja. Dessa maneira, quando Paulo diz “Enchei-vos do Espírito” ele está dizendo: Seja dominado pelo Espírito!
      Este é o segredo da vida cristã, viver em submissão ao Espírito Santo. É obedecer a tudo o que ele deixou revelado nas Sagradas Escrituras. Quando o Espírito está dominando a nossa vida, Paulo nos mostra, em Efésios 5, que ele altera nosso jeito de ser, v. 18;  altera nosso jeito de falar, v. 19a; altera o nosso jeito de adorar, v. 19; altera o nosso jeito de agradecer, v. 20; altera o nosso jeito de tratar as pessoas, v. 21; altera o nosso jeito de viver em família, v. 22-6:4; altera o nosso jeito de viver em sociedade, 6:5-9.

PARA REFLETIR

01. Quem é o Espírito Santo? Podemos dizer que ele é um Deus e pessoal?

02.  O que faz o Espírito Santo em nós? Qual o grande segredo da vida cristã?







[1] Erickson (1997:346).
[2] Stott (2008:121).
[3] Henry (2008:48).
[4] Hendriksen (2004:663).
[5] Erickson (1997:349).