sexta-feira, 25 de junho de 2010

UMA VIDA DE DEDICAÇÃO

TEMA: Lançando a Rede.
texto: Lucas – 5. 1-11
E aconteceu que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; e viu estar dois barcos juntos à praia do lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes.
E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, assentando-se ensinava do barco a multidão.
E, quando acabou de falar, disse a Simão: faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei a rede.
E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompiam-se lhes a rede.
E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco,, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal quase iam a pique.
E, vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor ausenta-te, que sou um homem pecador.
Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito; e, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
E, levaram os barcos para a terra, deixaram tudo, e o seguiram.

INTRODUÇÃO:

Pescar no mar da Galiléia era um grande negócio. Este hoje e famoso e imenso lago, que possui cerca de 20 km de extensão e 13 km de largura, fica ao lado de uma fértil planície, famosa por sua agricultura. No tempo de Jesus, existiam nove cidades às suas margens, cada uma com não menos de 15 mil cidadãos, o que possivelmente fazia com que o total de pessoas na região fosse maior do que o de Jerusalém.

As cidades da Galiléia refletem a importância da pesca para a vida e a economia da área. Por exemplo, em Tiberíades os trabalhadores enviavam carregamentos de peixe para Jerusalém e exportavam para Roma; em Betsaída – onde pelo menos quatro pescadores deixaram seus trabalhos para seguir Jesus (Mt 4.18 -22; Jo 1.44) – a, maior parte das pessoas trabalhavam com atividades pesqueiras.

Grandes cardumes encontrados perto da costa eram o paraíso dos pescadores. No tempo de Jesus, centenas de barcos de pesca jogavam suas redes no lago. Os galileus comiam pouca carne em relação ao peixe. O pescado sempre era salgado, pois não havia outra maneira de preservar o alimento.

Os pescadores usavam dois tipos de redes naquela época: pequenas redes circulares e redes de arrasto. As redes de arrasto (Mt 13.47) eram bem maiores do que as primeiras. Equipadas com pesos e peças flutuantes, os pescadores utilizavam estas redes para a captura de grande quantidade de pescado. Dentro da água, elas ficavam em posição quase vertical e capturavam os peixes à medida que eram arrastadas na parte de trás do barco (Mc 1.16).

O dia de trabalho dos pescadores não terminava com o retorno à costa. Os homens, em terra, ainda precisavam consertar e lavar aas redes, salgar o peixe, fazer a manutenção dos barcos e dos equipamentos, treinar e supervisionar os auxiliares, negociar com os mercadores e desempenhar outras atividades da indústria pesqueira que exigiam muitas e cansativas horas.

01) Onde quer que Jesus fosse ele sempre arrastava uma multidão atrás de si. A mensagem dele era profunda, surpreendente, diferente e mais autoritária do que o ensino dos líderes religiosos dos judeus. Até mesmo os guardas enviados para prender Jesus voltaram sem trazê-lo, dizendo, “jamais alguém falou como este homem” (João 7.32-46).

A) Assentando-se, ensinava do barco as multidões (5.1-3)

Jesus aproveitava qualquer situação como palco para ensinar a quem quer que o escutasse. Ele ensinou durante a recepção de um casamento (Jo 2.1-11), enquanto caminhava pela seara (6.1-5; cf. Mt 12:1-8; Mc 2;23-28), nas sinagogas (4.16), nos montes (Mt 5;1-2; Mc 13:3-5) ou em qualquer outro lugar onde haviam pessoas.

Em Lucas 5, Jesus se encontrava à beira-mar, seguido pelo povo.
É possível que algumas destas pessoas o estivessem seguindo desde Nazaré, onde ele pregou na sinagoga e afirmou que ele mesmo estava cumprindo alguns trechos messiânicos do livro de Isaías. (veja 4:14-30).
Outras pessoas talvez viessem de Cafarnaum, onde Jesus operou curas milagrosas e expulsou sete demônios (4:31-41). Ainda outras poderiam ter vindo das cidades da Judéia, onde Jesus havia anunciado “o evangelho do reino de Deus” (4:42-44). Por causa de tudo que viram e ouviram, estavam agora “ao apertá-lo...para ouvir a palavra de Deus” (5:1). E, conforme o seu costume, Jesus os ensinou;.

B) Faze-te ao largo (5:4)

Depois de ensinar a multidão, Jesus tomou o foco de seu ensino ao grupo de seus próprios discípulos. Há necessidade tanto de ensino público como de ensino particular. Às multidões, Jesus lançava a base da instrução do evangelho do reino de Deus, como no famoso sermão do monte (Mt 5:1) – 7:29). Nas horas que ele passava mais a sós com um número menor de seus discípulos, ele desvendava alguns dos mistérios mais profundos da vontade de Deus (veja, por exemplo, Mc 4;10-20). Estes homens em particular já haviam decidido que iriam seguir Jesus (Jo 1:35-42). Agora, porém, Jesus os chamou para segui-lo de uma forma especial, o que faria com que ele pudesse os tornar em seus apóstolos. Por isso, ele os separou da multidão, a fim de instruí-los mais íntima e profundamente por meio da parábola “ativa” da pesca, na qual eles mesmos teriam a participação principal.

Lançai as vossas redes para pescar – Pedro, André, Tiago e João eram pescadores profissionais, ganhando as suas vidas na carreira que aprenderam e praticaram neste mesmo lago. Neste dia em que Jesus chegou para ensiná-los, eles haviam passado a longa noite anterior numa tentativa frustrada de pesca. Quando Jesus pediu que colocassem as redes nas águas novamente, Simão Pedro reagiu rapidamente, dizendo: “Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos...” (5:4). Afinal, quem era este carpinteiro para ensinar quatro pescadores como pescar? Ele obviamente não sabia que era melhor pescar de noite, e não de dia! Ele obviamente não sabia que os peixes estavam em outra parte do lago, já que Pedro e os outros profissionais haviam pescado a noite inteira sem sequer encontrá-los nesta região!

Porém, Pedro já conhecia Jesus. Foi este carpinteiro que Pedro viu expulsar um demônio na sinagoga em Cafarnaum usando apenas a sua palavra (4:36). Depois, foi este mesmo carpinteiro que havia curado a sogra dele e muitas outras pessoas (4:38-41). Por conhecer Jesus e o poder de sua palavra, Pedro se segurou no meio de sua objeção e disse: “sob tua palavra lançarei as redes” (5:5).

C) Apanharam grande quantidade de peixes (5:6)


Quando Pedro deixou de confiar na sua própria experiência e na sua própria sabedoria, ele escutou a Jesus, e o resultado foi surpreendente! Apanharam tantos peixes que as redes estavam prestes a se romper (5:6). Por causa da enorme quantidade de peixes, Pedro e André pediram ajuda de seus sócios, Tiago e João (5:7). E quando estes vieram, encheram os dois barcos “a ponto de quase irem a pique” (5:7) Nunca alguém tinha conseguido tamanha façanha.

D) Senhor retira-te de mim por sou pecador (5:8)

A reação de Pedro indica claramente que ele acreditava estar na presença do Divino. Séculos antes, quando o Senhor apareceu a Isaías para comissioná-lo à sua missão, o profeta teve uma reação semelhante, dizendo: “aí de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6:5). À vista do milagre desta pesca, algo como nenhum destes pescadores profissionais jamais havia presenciado. Simão Pedro se prostrou aos pés de Jesus, o adorando.

(Wayne House comenta: A confissão de Pedro indica que ele reconheceu a obra de Deus por intermédio de Jesus. Pedro, na condição de pecador, não merecia estar na presença de Jesus, pois ele era santo. Comentário Bíblico N.T. p. 158).

( Pedro caiu sob o poder da influência pessoal de Jesus, influência essa que alterou toda a sua vida e o seu ser inteiro. R.N. Champlin Comentário Bíblico N.T. p. 56 – Lucas)

( O milagre mostrou a Pedro sua pecaminosidade e, ao mesmo tempo, a divindade de Jesus. Charles C. Ryrie – Bíblia anotada p.989)


E) Não temas doravante será pescador de homens (5:10-11)

Certamente, presenciar um milagre era algo apavorante. Mas, Jesus, acalmando seu discípulo Pedro, explicou o sentido verdadeiro desta parábola da qual participavam. Da mesma forma que haviam sido treinados para pescar peixes, se seguissem as instruções de Jesus ele iria treiná-los para “pescar” homens, admirados com o poder da palavra de Jesus, deixando tudo, o seguiram (5:11).

OBSERVAÇÕES GERAIS ACERCA DE “PESCAR” HOMENS

O trabalho importantíssimo de pregar o evangelho ao mundo não terminou com a morte de Jesus e seus apóstolos. De fato, Jesus disse que a morte e a ressurreição dele eram apenas etapas no plano de Deus para a salvação. Outra etapa necessária seria a pregação destas boas novas a todas aas nações, começando por Jerusalém (24:44-47). Portanto, este trabalho continuará até que o Senhor volte. Então, o que aprendemos daquele dia sobre a pregação do evangelho?

A pesca se faz por rede, e não por isca e anzol (5:4-6).

Muitas pessoas praticam a pregação do evangelho como se fossem pescadores com anzóis. Preparam uma isca para atrair o maior numero de pessoas e quando estas enfiam o anzol nas suas bocas, dificilmente se desprendem. Muitos prometem riquezas ou bênçãos aos que freqüentam suas igrejas e pagam dízimos com fidelidade. Outros oferecem curas ou descarrego, e ainda outros dizem ser os únicos que entendem a palavra da verdade. Com tanta isca por aí, ouvir o evangelho acaba sendo apenas uma busca pelo que parece bem aos próprios ouvidos (2 Tim 4:3-4).

Mas Jesus ensinava a pregação do evangelho na imagem de uma rede. Certa vez, falando acerca do reino do céu, ele disse: “é.... semelhante a uma rede, que lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando já esta cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos...” (Mt 13;47-49). A questão não é de atrair as pessoas com a doutrina e grandes promessas. Antes, o que é necessário é de lançar a mesma rede do evangelho sobre todos, sabendo que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16).

Deste modo, não cabe ao pescador decidir onde e quando irá pescar e nem mesmo qual isca irá usar. Quem prega o evangelho deve pregar a todo tempo e a toda criatura (Mc 16:15) – 2 Tim 4:1-2). Se todo o evangelho for pregado, ele irá arrastar os homens, assim como peixes n uma rede. Repare que este foi o trabalho do apóstolo Paulo, que explicou: antes de tudo, vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, (I Co 15:3-4). Ele simplesmente decidiu nada saber entre eles, senão a Jesus Cristo e este crucificado (I Co 2:2).


A pesca terá sucesso apenas se for sob a palavra de Jesus (5:5).

Como os pescadores aprenderam, Cristo é a chave. Sem ele, nada pescaram, embora usassem todo o seu esforço e recursos. Com ele, num único lançamento da rede, pescaram infinitamente mais do que já haviam visto. A nossa experiência, as nossas idéias, as nossas maneiras de alcançar o mundo perdido, não são nada sem Jesus Cristo. Pessoas influentes e até igrejas inteiras têm feito programas em nome de Jesus, que nada têm a ver com ele e que não ajudam a ninguém no sentido de escapar do pecado (Mt 7:21-23 – 23;15; Col 2;20-23).
Jesus disse: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. (Mt 28:19-20).

Assim, cristãos não são pessoas que aprenderam todos os pormenores da doutrina de Cristo.
Cristãos são pessoas que, ao ouvirem o evangelho de Jesus, se submetem a obedecê-lo em tudo. As pessoas convertidas no dia de Pentecostes, por exemplo, pouco sabia das doutrinas específicas dadas à igreja. Afinal, muitas destas doutrinas ainda não haviam sido reveladas. Portanto, após mostrarem seu arrependimento e serem batizadas, estas pessoas recém-convertidas perseveravam na doutrina dos apóstolos (Atos 2:37-42). Mais tarde, os apóstolos iriam encorajá-los, dizendo desenvolvei a vossa salvação..(Fil 2:12) desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação..(I Pd 2:2), crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo ..(II Pd 3:18), e muitas outras exortações semelhantes.

Ser pescador de homens exige uma mudança de profissão. (5:10-11).

Não obstante, o que fazem para ganhar a vida, cristãos deveriam ter como profissão principal lançar a rede do evangelho. Quando fazemos compras, devemos lançar a rede. Na escola, no trabalho, ou no lazer, devemos lançar a rede, de sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio ( II Co 5:20).

CONCLUSÃO

O nosso propósito de falar sobre a Igreja evangelizadora, não é o de arbitrar sobre qual é a igreja do Senhor Jesus. Este ponto de vista é feito com base nas observações, quanto ao rumo que a igreja de nossos dias vem tomando, em face de uma gama imensa de atrações que visam despertar os irmãos para um envolvimento mais ativo entre os conversos, que não reflete a verdadeira missão da igreja e dessa forma atrapalha e a enfraquece. Quando as novidades passam, a realidade é dura e crua. A Igreja evangelizadora não deve sair de postura bíblica e histórica. A igreja, só cresce se edifica e tem comunhão, quando ela evangeliza. A evangelização é sempre o ponto de partida. Os perdidos não estão dentro da igreja; eles estão lá fora, para onde ela deve ir, levando a mensagem da salvação eterna.